Como fazer compostagem
Fazer um composto de boa qualidade e sem cheiros, reciclando os restos vegetais do jardim e da cozinha é algo que proporciona grande proveito para os jardineiros. Alguns conseguem sem grande esforço obter bons resultados ao fim de pouco tempo, outros, apesar do esforço só conseguem obter uma pasta viscosa e mal cheirosa ou mal decomposta. Neste manual completo de compostagem vamos ensinar como fazer compostagem, cobrindo todos os aspetos para que tenha bons resultados.
Fazer composto não tem nada de misterioso ou secreto, qualquer pessoa que conheça os princípios básicos deve ser capaz de o fazer.
É claro que, como todas as técnicas, de qualquer área da nossa vida, melhoram com a prática. Seja culinária, bricolagem, jardinagem ou horticultura, quanto mais praticar e estudar, mais hipóteses terá de ser bem sucedido.
Antes de mais, é importante perceber a finalidade do composto que vai fazer. Onde vai aplicá-lo? Se pretende utilizá-lo como solo vegetal para vasos, terá de ser um composto de primeira qualidade. Mas, se pretender apenas utilizá-lo para incorporar no solo ou como composto de cobertura (mulch) não precisa de um resultado tão fino.
Neste artigo
A receita do composto
- Quantidade: faça a maior quantidade possível de composto. Quanto mais materiais houver para decompor, melhor será a sua fermentação e menor será a quantidade de materiais mal decompostos;
- Variedade e equilíbrio: Quando dizemos para fazer a maior quantidade possível, não queremos dizer para juntar uma grande quantidade de um material. A variedade é um fator-chave no sucesso. Misture bem várias matérias orgânicas, procurando respeitar o equilíbrio entre o carbono (“castanhos”) e o azoto (“verdes”);
- Humidade: Mantenha o composto húmido. A humidade vai acelerar a fermentação e decomposição dos ingredientes.
Materiais para fazer compostagem, o que colocar no compostor?
Teoricamente, qualquer matéria orgânica pode ser decomposta. No entanto, algumas devem ser evitadas por atraírem animais indesejados, por causa de maus cheiros ou porque demoram muito tempo a decompor.
Aqui apresentamos uma lista dos materiais que pode colocar no compostor:
- Materiais vegetais moles: restos de plantas, restos de vegetais da cozinha, aparas de relva e flores murchas podem ser decompostas sem problemas;
- Materiais vegetais lenhosos: restos de podas de sebes, arbustos e árvores podem ser colocados no compostor desde que sejam partidos em pedaços pequenos;
- Folhas mortas: folhas mortas caídas no outono podem ser adicionadas aos compostor. No entanto, se tiver em grande quantidade talvez queira fazer terriço de folhas;
- Ervas daninhas: podem ser decompostas e são uma boa fonte de azoto. Tenha o cuidado de não adicionar raízes ou sementes de ervas daninhas ao compostor;
- Papel, cartão e serradura: podem ser decompostos e funcionam bem como “castanhos” para equilibrar a quantidade de azoto. Adicione estes materiais desfeitos em pedaços pequenos;
- Estrume: o estrume de capoeira é muito rico em azoto e deve ser misturado no compostor com materiais castanhos. Já o estrume de cavalo e vaca, já vem normalmente misturado com palha e pode ser adicionado imediatamente;
- Palha: a palha é um excelente material “castanho” para adicionar ao compostor. Não esqueça de adicionar materiais ricos em azoto para equilibrar a quantidade de palha;
- Algas marinhas: são uma excelente fonte de nutrientes. Pode adicionar ao compostor;
- Cinza: a cinza é rica em carbono mas não adicione em grandes quantidades pois poderá alterar muito o pH do composto;
- Restos agrícolas do sector alimentar: comerciantes de legumes ou donos de restaurantes, costumam ter uma grande quantidade de restos vegetais e podem ser uma boa fonte para o seu compostor.
A regra fundamental é o equilíbrio entre os materiais ricos em azoto (verdes) e os materiais ricos em carbono (castanhos). Se colocar apenas relva no seu compostor, vai obter um material viscoso e com mau cheiro; por outro lado, se adicionar apenas serradura de madeira e papeis, a decomposição não irá ocorrer.
Materiais a evitar na compostagem
Que materiais devem ser evitados na compostagem?
- Raízes de ervas daninhas: como por exemplo dente-de-leão, grama, escalracho, poderão sobreviver ao processo de compostagem e ser depois disseminadas pelos locais onde vai usar o composto;
- Ervas daninhas ou plantas com sementes: pois as sementes poderão depois nascer onde não são desejadas;
- Plantas doentes: é preferível queimá-las e só depois adicionar as cinzas ao compostor;
- Plantas que possam conter herbicidas: se por exemplo tratou a relva com herbicida, não adicione as aparas ao compostor por razões óbvias;
- Restos de alimentos cozinhados: podem conter sal e gorduras e atrairão ratos;
- Excrementos de cão e gato: podem conter organismos nocivos;
- Materiais idênticos em grandes quantidades: como vimos, a variedade é o segredo, portanto evite adicionar grandes quantidades de um mesmo material ao compostor;
- Materiais inorgânicos: plásticos, metais, latas, vidros, têxteis, tintas, pilhas.
É preciso misturar o composto?
Misturar os materiais é importante para obter um composto homogéneo e acelerar o processo. Envolva os materiais para que os ingredientes nas partes mais exteriores do compostor sejam colocadas no interior.
Isto vai arejar e fazer com que entre matéria “nova” com muito azoto, pronta para alimentar e ser digerida pelas minhocas e micro-organismos.
Ativadores de compostagem
As matérias ricas em azoto funcionam como ativadores de compostagem. Estrume de quinta é o material mais comumente usado como ativador, mas até a urina humana funciona como tal.
Se pretende decompor muitas matérias lenhosas, é importante que haja muito azoto disponível para acelerar o processo.
Quanto tempo demora a compostagem?
Há muitos fatores que influenciam o tempo de decomposição dos materiais no compostor. Temperatura, humidade, a natureza dos materiais e sua proporção, etc. Num cenário ótimo, seguindo as regras e tendo um bom equilíbrio entre os fatores que influenciam a fermentação, poderá obter composto pronto a ser utilizado em três ou quatro meses. Mas poderá levar mais tempo.
Considere um cenário em que inicia o compostor na primavera, as temperaturas vão subir e se mantiver um nível de humidade regular no compostor, o processo será rápido. No entanto, imagine que inicia a compostagem no Outono, provavelmente terá excesso de água nos materiais, mas pior que isso, a temperatura vai baixar com a chegada do Inverno e o processo de decomposição irá ser muito lento neste período.
O composto está pronto a usar?
Para verificar o progresso do composto, afaste a camada superior e veja o estado do material mais lenhoso nas camadas mais baixas. Está a decomposto ou não?
Se não estiver, talvez seja por estar demasiado seco ou ter poucos materiais verdes. Regue-o e adicione materiais verdes ricos em azoto.
Se já tiver um material fofo e farelento, então está pronto a ser usado. Se o composto é para utilizar em vasos, talvez seja melhor crivar para retirar qualquer pedaço maior. Adicione estes materiais retirados de novo ao compostor.
Compostor com mau cheiro?
O processo de compostagem vai naturalmente provocar odores. Mas os maus cheiros em excesso podem significar que o seu composto está muito molhado ou tem demasiados materiais ricos em azoto. Para retificar esta situação, revolva o composto e adicione materiais ricos em carbono, como aparas lenhosas, papel ou cartão. Depois, cubra-o com uma camada de composto pronto de outro compostor ou composto normal de vasos para abafar os cheiros.
Como construir um compostor
É claro que a forma mais fácil e imediata para começar a fazer compostagem é comprar um compostor. Há vários tipos à venda em centros de jardinagem e lojas de bricolagem e jardim.
No entanto, pode construir o seu próprio compostor, fica mais barato e torna-se um projeto engraçado.
Pode fazer de madeira, com tijolos ou fardos de palha, construindo uma caixa quadrangular ou, como neste artigo, que mostra como fizemos um compostor bastante simples usando rede de capoeira.
Poderá também ser útil ter dois compostores lado a lado, ou um compostor grande dividido ao meio. Enquanto um lado amadurece, vamos enchendo o outro e assim temos dois estados de decomposição e temos sempre composto pronto a usar.
Qual o melhor local para o compostor
O compostor deve ser colocado num local abrigado do sol. Se for um compostor aberto no fundo, coloque-o diretamente sobre a terra facilitando o acesso das minhocas e micro-organismos responsáveis pela decomposição das matérias.
Como fazer pilha de composto
Se quiser simplificar ainda mais a compostagem, pode fazer uma pilha de composto.
- Coloque uma camada de materiais grosseiros sobre a terra, por exemplo ramos;
- Adicione várias camadas de materiais, mantendo uma forma piramidal ou cónica para ajudar à estabilidade da pilha;
- Cubra a pilha com um plástico preto para evitar que seque e que encharque, segurando-o a todo a volta.
Esta forma não é tão prática se quiser adicionar materiais regularmente. Uma solução é fazer uma pilha que cresce horizontalmente. Adicionando materiais num dos lados. Desta forma, tem um lado onde pode recolher composto pronto e outro lado onde vai adicionando materiais.
A pilha é mais recomendada para grandes quantidades de material. Tipicamente, a compostagem em pilha é mais lenta.
Triturar os materiais
Os materiais mais grosseiros, como os restos da poda de ramos de árvores, podem demorar algum tempo a decompor. O uso de um triturador é aconselhado nas alturas do ano em que há muito deste material para adicionar ao compostor.
Ao triturar os materiais, estará a acelerar o processo de decomposição dos mesmos e a “ganhar tempo” no processo.
Mesmo fora da época de podas, quando tiver materiais grosseiros para adicionar ao compostor, lembre-se de os partir em pedaços mais pequenos antes de adicionar ao compostor.
Ficou algum tópico por cobrir neste artigo sobre como fazer compostagem? Diga-nos as suas dúvidas ou conte-nos a sua experiência.